quarta-feira, 21 de dezembro de 2011

FERROVIA OESTE-LESTE: DESENVOLVIMENTO OU PESADELO?


Com 1.527 km de extensão e orçada em R$ 7,43 bilhões, a Ferrovia de Integração Oeste-Leste ligará o município de Figueirópolis, no Tocantins, a Ilhéus, cruzando 32 municípios baianos. Em Ilhéus a Fiol deverá encontrar o Complexo Intermodal Porto Sul, que ainda aguarda licença ambiental prévia.   
Dividida em sete lotes, a Fiol possui licença de instalação para os quatro primeiros, entre Ilhéus e Caetité. No quinto, entre Caetité e Barreiras, a obra aguarda concessão da Licença de Instalação por parte do Ibama. Já o trecho entre Barreiras (BA) e Figueirópolis (TO) ainda não tem definição de prazo de licença e início das obras.     
Pela ferrovia deverão ser transportados soja, farelo de soja e milho, fertilizantes, combustíveis e minério de ferro, especialmente da Bahia Mineração (Bamin). A empresa, que pertence à mineradora Eurasian Natural Resources Corporation (ENRC), do Cazaquistão, já comprou 25% da capacidade de transporte da ferrovia, que levará minério do Projeto Pedra de Ferro, em Caetité, até o Porto Sul, junto ao qual a Bahia Mineração pretende construir um Terminal de Uso Privativo (TUP) para escoar sua produção.      
Impactos
Em vez de vantagens, porém, para as comunidades cortadas pela estrada de ferro o que sobra são impactos ambientais e sociais. Segundo um levantamento preliminar da Comissão Pastoral da Terra (CPT) na Bahia, 1.629 famílias de comunidades quilombolas e de agricultores serão afetadas pelas obras da Ferrovia Oeste-Leste no estado. O casal Angelino Souza Pinto, 68 anos, e Teresinha Rosa da Silva Pinto, 72 anos, que perderão três hectares, reclamam que a ferrovia passará sobre as melhores terras da região, que ficam ao lado do rio. “Nós temos outros lugares, mas é pedra, não dá pra plantar”, diz Teresinha, lembrando ainda que, com o ruído dos trens, a criação de animais também ficará prejudicada. A ferrovia ficará a 35 metros da residência do casal, que já antevê os problemas em morar tão perto de uma estrada de ferro. “Não vai ficar nada em pé. Nossas casas são antigas, têm mais de cem anos. Aqui é tão sossegado, aí vem um inferno desses e acaba com a tranquilidade”, lamenta Angelino. 

Segundo a assessoria de imprensa da Valec (construtora) informou, por meio de nota, que “o traçado da ferrovia foi concebido de modo a minimizar os impactos sociais do empreendimento”. O texto diz que ainda que haja três mil desapropriações entre os trechos de Ilhéus e Barreiras, “todas as benfeitorias, culturas e terras impactadas serão indenizadas, permitindo que as famílias possam adquirir novas propriedades”.  

 http://www.brasildefato.com.br (adaptada)

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